Ney Matogrosso completa 70 anos

Aos 17 anos ele saiu da casa, se
jogou e não demorou muito para ganhar o mundo com suas cores, seu requebrado,
sua arte e ousadia. Ney Matogrosso nasceu em Bela Vista, no interior do Mato
Grosso do Sul, mas não ficou lá por muito tempo. Seu pai era militar e
frequentemente era transferido para outra cidade. Inventivo desde sempre,
quando criancinha já cantava, pintava e interpretava. A arte era dom nascido,
não se tinha o que questionar. Mas para fugir do autoritarismo do pai,
alistou-se na Aeronáutica e foi-se de mala e cuia.
Não
demorou muito para encontrar o seu lugar nos palcos. Em meados dos anos 70,
conheceu João Ricardo através de uma amiga. Este precisava de um cantor com a
voz aguda e, de todos, encontrou o melhor. Um ano e meio depois, o ‘Secos e
Molhados’ já era um fenômeno nacional. Tudo bem que durou pouco. O segundo
álbum tinha acabado de sair quando a banda se separou. Mas Ney já era inteiro,
sozinho.
Nesta
segunda (1º), ele faz 70 anos com uma saúde de dar inveja, que não é dádiva, é
zelo. E nos seus 40 anos de carreira, conseguiu o inimaginável: defendeu como
ninguém o seu direito de existir, de ser livre, de se expressar, de ser quem é;
diferente, único, ousado e sensual. Usou sua nudez como arma, como uma
agressão, por puro desacato às autoridades. E requebrando as cadeiras mostrou
que é homem com H, muito mais macho do que muito machoman por aí.
Depois dos ‘Secos e
Molhados’, Ney lançou um disco por ano. Sempre se transformando e mostrando
todas as facetas do artista completo que é, fazendo dos seus shows um espetáculo
à parte, que transcendem a música. Até seu pai, durão que era, chegou a
confessar ser seu fã número dois, só porque a mãe era a número um. A perfeição
é meta. Ele sabe que não se alcança, mas não vai abrir mão de buscar. E faz
questão de nos lembrar de que na vida tudo passa. Estamos sempre em trânsito e
não tem nada melhor do que ser uma metamorfose ambulante.
Aos
70 anos, Ney é vida e ainda tem o impulso de fazer. Só neste ano, lançou o
disco ‘Beijo Bandido Ao Vivo’, dirigiu a peça teatral ‘Dentro da Noite’, atuou
no longa metragem ‘Luz Nas Trevas - A Volta do Bandido da Luz Vermelha’, de
Helena Ignez e Ícaro Martins e foi objeto do documentário ‘Olho Nu’, de Joel
Pizzini. Não é saudosista, vive o agora, o hoje. Não se sente velho e tem
certeza de que nessa vida tudo é possível. E enquanto tiver energia, força,
saúde e vontade, vai continuar fazendo mais e mais. E nós, só podemos
agradecer!
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